Cunha disse que queria criar empresa 'para os filhos', apontam documentos
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), justificou que pretendia ter uma empresa "para os filhos" ao abrir uma conta bancária no exterior em nome de terceiros. A informação consta de documentos apresentados à Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo Ministério Público da Suíça.
Cunha consta como o beneficiário final da conta Triumph, aberta em 2007 no Banco Julius Baer, de Genebra. Contudo, em vez do deputado, figurava como titular da conta a empresa Triumph SP, constituída dois anos antes em Edimburgo, na Escócia. Para abri-la, o peemedebista se valeu dos serviços de um escritório em Douglas, capital de Ilha de Man, paraíso fiscal do Reino Unido.
Conforme os investigadores, a Triumph é o que se chama de "conta de confiança", ou seja, movimentada por terceiros como forma de proteger uma pessoa "politicamente exposta".
O nome e a assinatura de Cunha aparecem em vários documentos internos do banco, o que, para a PGR, comprova ser ele o verdadeiro beneficiário dos recursos. Num dos formulários, que questionava o motivo de a conta não ser aberta em nome do deputado, a resposta foi que ele "desejava ter uma Trust para seus filhos".
Uma empresa de "trust" é usada para gerir bens e valores de terceiros. O patrimônio é entregue a um agente para que ele o administre, por meio dessa empresa. O principal objetivo é fazer investimentos de forma anônima.
A conta Triumph foi fechada em maio e seus recursos transferidos em maio do ano passado, após a Operação Lava Jato, que apura desvios na Petrobras, ser deflagrada. As contas de Cunha no exterior teriam recebido propina referente a um negócio fechado pela estatal na África.
O presidente da Câmara tem negado reiteradamente ter contas na Suíça.
Cunha é pai de quatro filhos. Tem também um enteado, filho da jornalista Cláudia Cruz, com quem é casado atualmente. Ela também é investigada por manter contas secretas na Suíça. Uma das filhas do deputado, Danielle da Cunha, também é alvo de inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) por ser beneficiária dos recursos mantidos no exterior.
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