É o caso da reunião do Mestre Ambrósio, que celebra os 30 anos de um dos grupos mais icônicos do movimento manguebeat. O grupo, que passou 18 anos longe dos palcos, trouxe seus cocos, cirandas, maracatus e caboclinhos, entre rabecas e guitarras, zabumbas e chocalhos. Canções emblemáticas como Pé de Calçada, Se Zé Limeira Sambasse Maracatu e Fuá na Casa de Cabral colocaram a lotada plateia para cantar e dançar. Casacos começaram a ser retirados e os pés bateram com mais força no chão.
Tudo muito bem acompanhado pelas performances da banda, que faz questão de sempre trocar interações com o público, seja estimulado o coro, as palmas, descendo do palco e danças em cima dele. No Zé da Macuca, também foi realizada a recorrente “pesquisa de público” da banda, que sempre questiona quem já presenciou um show deles e quem não, uma vez que há toda uma geração que conhece a história do Mestre Ambrósio, mas que cresceu já durante sua pausa.
E dentro desse retorno, a apresentação dentro do FIG pareceu ter um gostinho especial. Filho de Garanhuns, o músico Helder Vasconcelos fez questão de ressaltar a felicidade de estar lá. “É muito bom tocar em casa, na cidade que você chegou ao mundo por ela. A gente tem que começar esse show, essa alegria e esse festejar, dizendo viva Zé da Macuca!”, declarou o músico no palco.
CELEBRANDO A ANCESTRALIDADE - Antes do Mestre Ambrósio, foi a vez de Héloa, sergipana com raízes familiares em Garanhuns, trouxe o show de seu último disco, yIDé, trabalho produzido por Carlinhos Brown e Yuri Queiroga que reafirma suas raízes afro-indígenas com que há de mais cativante das experiências musicais afrodiaspóricas.
E o timing não podia ser melhor. Como fez questão de lembrar, sua apresentação foi realizada no Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, data que no Brasil celebra a figura histórica de Tereza de Benguela. Seu som passou pela ciranda, reggae, samba-reggae, guitarradas latinas e elementos de hip-hop. Ela cantou músicas como Agô, A Vida é e Lá Tempo, recebendo sempre respostas muito empolgadas do público, acolhendo e sendo acolhida. Se despediu sob intensos aplausos
A primeira noite da história do Zé da Macuca também foi de uma conexão Garanhuns-Olinda, trazendo três grandes grupos que são referência de um bairro que é um dos maiores nascedouros culturais do estado. O projeto Cena Peixinhos fez se revezar no palco as bandas Carranza, Etnia e Capim Santo, harmonizando com maestria o reggae, com o rock, o rap, o coco, também exaltando as raízes populares e ancestrais de um lugar que foi berço do manguebeat
DO FREVO AO FREVO - Quem fez as honras da abertura foi o frevo da sempre explosiva Orquestra do Maestro Oséas, com uma apresentação especial para o Boi da Macuca, passeando por sucessos carnavalescos e não-carnavalescos ao som do frevo, não deixando o frio tomar conta do público, que já começou a curtição aos pulos e passos. O frevo também foi a tônica do encerramento, com o Maestro Spok, um dos grandes renovadores do ritmo. E, desta vez, sua banda tinha um componente que fazia sua estreia da forma mais especial possível, seu filho, Nilo Dias, que assumiu a guitarra. Ele passou por composições autorais e parcerias, como Olhos de Raio-X, de Lenine, com seu sax barítono imponente e uma grande harmonia entre as cordas, os metais e a percussão.
O 31º Festival de Inverno de Garanhuns é promovido pelo Governo de Pernambuco, por meio da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), que está investindo R$ 11,5 milhões em sua realização, e conta com o apoio da Prefeitura de Garanhuns.
A TV Pernambuco realiza a transmissão oficial dos shows do Palco Mestre Dominguinhos.